
Quando falamos em indicador de qualidade na cana-de-açúcar, imediatamente vem à nossa cabeça o índice de ATR. Mas você sabe o que de fato ele representa na produção? Sabe por que ele é importante na definição do ponto de colheita? Você consegue entender como o planejamento e manejo de toda a safra reflete no valor deste ATR e, consequentemente, na rentabilidade do negócio? Continue sua leitura e entenda pontos extremamente importantes sobre este e outros indicadores de qualidade da safra de cana.
O produtor rural sempre busca a eficiência na colheita e a rentabilidade do seu negócio, independentemente da cultura trabalhada. Com a cana-de-açúcar não é diferente. O produtor está constantemente em busca de aumento da produtividade agrícola, redução dos custos de produção por meio do aumento da eficiência e aumento das receitas. Mas, diferentemente das culturas graníferas que, em sua maioria, são avaliadas exclusivamente pelo peso e umidade, no caso da cana-de-açúcar o produtor precisa estar atento a outros indicadores de qualidade. Indicadores esses que estão diretamente ligados ao valor pago pela indústria pelo material colhido.
ATR: o que realmente importa na cana-de-açúcar:
Um destes indicadores é o açúcar total recuperável (ATR), que é a soma total dos açúcares ( Glicose, Frutose e Sacarose) contidos na cana-de-açúcar e que são, efetivamente, aproveitados no processo industrial para a produção de açúcar e álcool. Ele é medido em quilograma (kg) de açúcar total recuperável por tonelada de cana-de- açúcar (kg/t). O ATR tem, inclusive, uma grande importância na verificação do ponto de colheita (maturação), obtenção da análise da qualidade da matéria-prima, assim como avaliação do desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Sem dúvidas, o ATR é o principal indicador da qualidade da cana. E de forma bem prática podemos fazer a seguinte relação: quanto maior o índice de ATR, mais subprodutos (açúcar e etanol) podem ser produzidos com o mesmo volume de cana. Por isso o grande interesse da indústria em materiais com altos índices de ATR. E também por isso, atualmente no Brasil, a remuneração ao produtor depende diretamente deste índice, servindo como incentivo para o produtor buscar sempre variedades e manejos que aumentem ou mantenham um bom índice de ATR. Assim, a produtividade, o teor de ATR e o preço do ATR são os fatores mais impactantes na rentabilidade do sistema de produção.
Qualidade que reflete no bolso:
Como já comentamos, o pagamento ao produtor de cana-de-açúcar está diretamente ligado ao índice ATR. Para efetuar o pagamento aos fornecedores, por exemplo, a agroindústria amostra a cana antes da recepção para avaliar a qualidade e, a partir dessa informação, determinar o pagamento.
Da mesma forma, os produtores de cana, antes da colheita da cana de açúcar, realizam coletas de amostras para determinar o melhor momento da colheita, possibilitando assim obter a melhor renda possível por tonelada fornecida, a partir de uma tomada de decisão assertiva e embasada em dados reais.
É importante ainda lembrar que o cálculo do ATR é atrelado ao preço dos produtos finais da produção de cana, caso do açúcar e do álcool. Quando os preços destes produtos finais oscilam, o preço do ATR também varia. Em épocas em que ocorre excesso de oferta, o preço cai.
Manejo inteligente para obtenção de alto ATR:
Diante deste cenário produtivo onde a rentabilidade da lavoura está diretamente ligada à qualidade da cana, o segredo para garantir uma boa produtividade agrícola, sem elevar muito os custos de produção, é manejar corretamente o canavial, visando alcançar o máximo ATR .
Mas você pode estar se perguntando: como posso fazer este manejo para alcançar um bom índice de ATR? A seguir damos algumas dicas sobre este manejo:
1 – Planejamento e execução:
Fato é que o clima, a idade das lavouras, a forma de colheita e impurezas influenciam no ATR. Portanto, começar a lavoura com a definição clara sobre os processos, maquinários, pessoas e recursos que serão utilizados é o passo básico para uma boa safra de cana. O produtor precisa estar atento, por exemplo, à previsão do tempo, histórico da região, solo, relevo, janela de plantio para usar o clima a seu favor. Intempéries climáticas podem ocorrer, obviamente. Mas o planejamento coloca o produtor um passo à frente no que diz respeito ao preparo para as adversidades.
É a partir deste planejamento que o produtor terá condições de tomar decisões assertivas para que a colheita seja realizada, por exemplo, em períodos onde a ocorrência de chuvas e demais condições climáticas desfavoráveis sejam historicamente raras. Afinal, as condições climáticas no momento da colheita também interferem na qualidade desta cana que chega à indústria.
2 – Escolha da variedade:
A escolha da variedade a ser plantada, a definição da data de plantio e do sistema a ser utilizado também são práticas que interferem diretamente no resultado final da cultura, afinal, a variedade e o sistema devem ser adaptados à região, às condições climáticas e de solo de cada talhão, e também ao maquinário disponível para todos os manejos da cultura ao longo do ciclo.
O produtor também deve levar em conta a necessidade e os benefícios do investimento em melhoramento genético, em busca de variedades modernas que tenham potencial de trazer qualidade na colheita. Afinal, um bom canavial começa com um plantio bem feito de mudas sadias e com boa procedência genética.
3 – Manejos culturais e fitossanitários:
E não basta ter planejamento e mudas sadias se o manejo nutricional e também de herbicidas, pragas e doenças não for bem feito ao longo de todo o ciclo da cultura. É preciso estar atento e com monitoramento constante e inteligente em toda a lavoura a fim de identificar os problemas e otimizar a tomada de decisão.
Em campo, há um investimento muito alto. Qualquer risco que venha comprometer este investimento e sua rentabilidade precisa ser remediado. E um manejo inteligente da cultura permite uma integração entre diversas formas de controle a fim de conquistar a eficiência esperada. Afinal, pragas, doenças, matocompetição e deficiências nutricionais afetam diretamente o desempenho da cana na colheita e a qualidade deste material que chega à indústria.
4 – Ponto ideal de colheita:
E quando falamos sobre qualidade do material colhido, falamos diretamente sobre o ponto ideal de colheita. A maturação da cana-de-açúcar deve ser avaliada pela equipe de campo constantemente. Afinal, esta avaliação é que permite que este ponto ideal seja identificado para que o processo de colheita seja realizado no momento em que naturalmente a cana está em seu máximo potencial de concentração de açúcar.
Garantir a colheita no momento mais próximo a este ideal é uma estratégia super importante, afinal a colheita no momento não recomendado pode levar a uma perda de qualidade do material e consequente redução do índice ATR, que impacta diretamente na remuneração.
5 – Investimento em tecnologia:
E em meio a todas estas estratégias, temos ainda o investimento em tecnologias de ponta. A mecanização, que já faz parte da maioria das lavouras do país, passa a ser cada vez mais inteligente. Máquinas que vem para otimizar tempo, recursos e facilitar o trabalho, além de gerenciar dados que são a base das tomadas de decisões.
Com tantas evoluções no âmbito das tecnologias, o diferencial e o ajuste fino da produção de cana-de-açúcar passam a ser a inteligência destas máquinas. Tecnologias inteligentes que promovem economia de insumos, aplicações mais assertivas, redução das perdas e melhoria do controle de qualidade do canavial e do material final. Por isso é tão importante que o produtor esteja atento aos avanços tecnológicos para que ele possa reduzir prejuízos e potencializar lucros utilizando o que há de melhor no mercado da cana-de-açúcar.
Tudo isso passa a ser a soma de estratégias que permitem que a produção alcance um melhor ATR, maior produtividade e, consequentemente, maior lucratividade.
Conteúdo: John Deere Conecta
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